domingo, 17 de maio de 2009

A explicação dos nomes dados a essa Sabedoria

Esta Sabedoria liberta das eternamente transitórias Oito Metas.
Por conseguinte, enquanto não cai sob a influência de qualquer extremo, é chamada de “O Caminho do Meio”.
É chamada de “Sabedoria” por causa da sua inquebrantável continuidade de memória.
Sendo a essência da vacuidade da mente, é chamada de “A Essência dos Budas”.
Se o significado destes ensinamentos fosse conhecido por todos os seres, como seria incomparavelmente excelente!
Por conseguinte, estes ensinamentos são chamados “Os meios de Alcançar a Outra Margem da Sabedoria [ ou Sabedoria Transcendental]”.
Aos que já passaram para o Nirvana, esta Mente é tanto incomeçável quando infindável; por conseguinte, é chamada de “O Grande Símbolo”.
Porquanto essa Mente, por ser conhecida e não ser conhecida, torna-se a base de todas as alegrias do Nirvana e de todas as tristezas do Sangsãra; é chamada de “A Base de Tudo”.
A pessoa impaciente, comum, enquanto habita o seu corpo carnal chama essa muito clara Sabedoria de “inteligência comum”.
Independentemente de qualquer nome elegante e vário que seja dado a essa Sabedoria como resultado de um completo estudo, que Sabedoria alem dessa, aqui revelada, pode alguém desejar realmente?
Desejar mais do que essa Sabedoria é ser como aquele que peocura um elefante seguindo os seus rastros, quando já encontrou no próprio elefante.

A Maravilha Destes Ensinamentos

Esta Clara Luz auto originada, eternamente não-nascida, é um filho órfão da Sabedoria. É Maravilhoso.
Sendo não-criada, é Sabedoria Natural. É maravilhoso.
Não tendo conhecido o nascimento, não conhece a morte. É maravilhoso.
Embora seja a Realidade Total, não existe o seu percebedor. É maravilhoso.
Embora vague pelo Sangsãra, ela permanece imaculada pelo mal. É maravilhoso.
Embora perceba o Buda, ela permanece dissociada do bem. É maravilhoso.
Os que não conhecem o fruto desta ioga procuram outros frutos. É maravilhoso.
Embora a Clara Luz da Realidade brilhe dentro da vossa mente, a multidão por ela procura em outros lugares. É maravilhoso.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ioga do Caminho Nirvânico

Nada havendo sobre o que meditar, não existe nenhuma meditação.
Nada havendo que se perca, nada se perderá, se alguém for orientado pela memória.
Sem medita, sem se perder, olhai para o Verdadeiro Estado, onde a autocognição, o autoconhecimento, o auto-esclarecimento brilham resplandentemente. Estes, que assim brilham, são chamados de “A Mente Bodhisáttvica”.
No Reino da Sabedoria, transcendente a toda meditação, naturalmente iluminadora, onde não há nenhuma perda, os conceitos vácuos, a auto liberação e o Vazio primordial são o Dharma-Kaya.
Sem a percepção disto, o Objetivo do Caminho Nirvânico é inatingível.
Simultaneamente a esta percepção, o estado de Vajra-Sattva é percebido.
Estes ensinamentos que exaurem todo o conhecimento são extraordinariamente profundos e imensuráveis.
Embora seja contempláveis sob uma variedade de formas, para esta Mente da Sabedoria de autocognição e auto-origem, não existem duas coisas tais como contemplação e contemplador.
Quando são exaustivamente contemplados, esse ensinamentos fundem-se em reconciliação com o buscador erudito que os procurou, embora o próprio buscador, quando procurado, não possa ser encontrado.
Em consequência disso, o objetivo da busca é alcançado, e ocorre também o fim da própria busca.
Então, nada mais existe a ser buscado; nem há necessidade de se buscar alguma coisa.
Esta Clara Sabedoria sem começo, vazia e inconfundível da autocognição é a mesma apresentada na Doutrina da Grande Perfeição.
Embora não existam duas coisas tais como conhecer e não conhecer, existem profundas e inúmeras espécies de meditação; e, no fim, é incomparavelmente sublime, conhecer a própria mente.
Não existindo duas coisas tais como o objeto da meditação e a pessoa que medita, se, pelos que praticam ou não praticam a meditação o que intenta a meditação for procurado sem ser encontrado, em razão disso o objetivo da meditação é alcançado, bem como o próprio final da meditação.
Não existindo duas coisas tais como a meditação e o objeto da meditação, não existe necessidade alguma de cair sob o domínio da profunda e obscurecedora Ignorância, pois como resultado da meditação sobre a imutável quintessência da mente, a Sabedoria não criada brilha instantaneamente de forma clara.
Embora exista uma variedade inumerável de práticas profundas, para a própria mente em seu estado verdadeiro elas são não-existentes, pois não existem duas coisas tais como existência e não-existência.
Não existindo duas coisas tais como prática e praticante, se, por aqueles que praticam ou não, o praticante for procurado sem ser encontrado, por conseguinte, o objetivo da prática foi conseguido, bem como o próprio final da prática.
Por conseguinte, como desde a eternidade nada existe para ser praticado, não há necessidade de cair sob a influência de propensões desnorteadas.
A Sabedoria não-criada e auto-radiante aqui apresentada, sendo inativa, imaculada, transcendente sobre a aceitação ou rejeição é, em si mesma, a prática perfeita.
Embora não existam duas coisas tais como o puro e o impuro, existe uma variedade inumerável de frutos da Ioga, todos os quais, para a própria mente em seu Estado Verdadeiro, são o conteúdo consciente do Tri-Kaya não criado.
Não existindo duas coisas tais como ação e realizador da ação, se alguém procurar o realizador da ação e não encontrar nenhum realizador em lugar algum, em consequência disso, o objetivo de toda a colheita do fruto é alcançado, bem como a própria consumação final.
Não existindo nenhum outro método, qualquer que seja, de colher o fruto, não há necessidade de cair sob a influência das dualidades, de aceitar ou rejeitar, confiar ou não confiar nestes ensinamentos.
A percepção da Sabedoria auto-radiante e auto nascida, assim como a manifestação do Tri-Kaya na mente auto-cognoscente é o próprio fruto da realização do Perfeito Nirvana.

O Dharma Interior

Não estando o Dharma em lugar algum a não ser na mente, não existe nenhum outro lugar para meditação além da mente.
Não estando o Dharma em lugar algum a não ser na mente, não existe nenhuma outra doutrina a ser ensinada ou praticada em qualquer outro lugar.
Não estando o Dharma em lugar algum a não ser na mente, não existe nenhum outro lugar de verdade para a observância de um voto.
Não estando o Dharma em lugar algum a não ser na mente, não existe nenhum Dharma em qualquer outro lugar através do qual a Liberação possa ser alcançada
De novo, olhei para a vossa própria mente.
Ao se olhar para fora, para a vacuidade do espaço, percebe-se que não existe lugar algum onde a mente esteja brilhando.
Ao se olhar para dentro, para a própria mente, em busca do brilho, nada se encontra que brilhe.
A vossa mente é transparente, sem qualidade.
Pertencendo à Clara Luz do Vazio, a vossa própria mente pertence ao Dharma-Kaya e, sendo vazia de qualidade, é comparável a um céu sem nuvens.
Ela não é a multiplicidade e é onisciente.
Muito grande, na verdade, é a diferença entre saber e não saber a importância desses ensinamentos.

A Grande Autoliberação

Graças às crenças mundanas, as quais é livre para aceitar ou rejeitar, o homem vaga pelo Sangsãra.
Por conseguinte, praticando o Dharma, livre de qualquer apego, compreendei toda a essência dos ensinamentos expostos nesta Ioga da Auto liberação pelo Conhecimento da mente em sua Natureza Real.
As verdades aqui comunicadas são conhecidas como “A Grande Auto liberação”; nelas culmina a Doutrina da Grande Perfeição Última.

A Reconciliação Transcendente

Não existindo, na realidade, nenhuma dualidade, o pluralismo não é verdadeiro.
Até que a dualidade seja transcendida, e realizada a reconciliação, o Esclarecimento não pode ser atingido.
De um modo geral, o Sangsãra e o Nirvana, como uma unidade inseparável, são a nossa mente.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Mente no seu verdadeiro estado

Quando procurais a vossa própria mente no seu verdadeiro estado, vós a encontrais plenamente inteligível, embora invisível.
No seu verdadeiro estado, a mente é despida, imaculada; não é feita de nada, sendo o Vazio; é clara, vácua, sem dualidade, transparente; é intemporal, não composta, desimpedida, incolor; não perceptível como algo separado, mas como a unidade de todas as coisas, embora seja por elas composta; tem um só sabor e transcende a qualquer diferenciação.
Nem é uma mente separável das demais mentes.
Perceber o ser quintessencial da Mente Única é perceber a imutável re-conciliação do Tri-Kaya.
Sendo a mente como o Incriado, pertencente ao Vazio, ao Dharma-Kaya; com o Vácuo e Auto-Radiante, ao Sambhoga-Kaya; e como o Não-Obscuro, brilhando para todas as criaturas vivas, ao Nirmana-Kaya; assim, ela é A Essência Primordial onde os Três Aspectos Divinos são Um.
Se a aplicação iogue desta Sabedoria for completa, compreender-se-á o que foi exposto acima.

domingo, 5 de abril de 2009

Os nomes dados à Mente

Os nomes que lhe são dados são inúmeros.
Alguns a chamam de “O Self Mental”.
Alguns heréticos a chamam de “O Ego”.
Os Hinayanistas a chamam de “A Essencialidade das Doutrinas”.
Os Yogachara, de “Sabedoria”.
Alguns a chamam de “Os Meios de Atingir a Outra Margem da Sabedoria”.
Alguns a chamam de “A Essência de Buda”.
Alguns a chamam de “O Grande Símbolo”.
Alguns a chamam de “A Semente da Única”.
Alguns a chamam de “A Potencialidade da Verdade”
Alguns a chamam de “O Todo-Fundamento”.
Outros nomes, na linguagem comum, também lhe são dados.

O resultado do desconhecimento da Mente Única

O conhecimento daquilo que é vulgarmente chamado de mente é muito difundido.
Visto que a Mente Única é desconhecida, ou erroneamente percebida, ou conhecida apenas em parte, sem ser completamente conhecida tal como ela é, o desejo por estes ensinamentos será imensurável. Eles também serão procurados por indivíduos comuns que, sem conhecerem a Mente Única, não se conhecem a si mesmos.
Eles vagam de lá para cá, nas Três Regiões, e, dessa forma, entre as Seis Classes de seres, em aflição.
Tal é o resultado do erro de não ter atingido a compreensão da mente.
E porque o seu sofrimento oprime de todos os modos, até mesmo o autocontrole lhes falta.
Dessa forma, embora desejem conhecer a mente como ela é, fracassam.

Guru Padmasambhava

Guru Padmasambhava